Escola Jardim Margarida
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Despertar da Consciência

Podemos observar nitidamente três passos no despertar da consciência da criança de 0 a 7 anos de idade. Esse período se destaca como um desenvolvimento inconsciente, que não apela a um raciocínio intelectual para aprender as coisas da vida e é quando se aprende por imitação.

Do nascimento aos, aproximadamente, 2 anos e 4 meses ou 3 anos, a criança apresenta uma visível necessidade de movimentar-se constantemente. Os movimentos ainda são caóticos e desajeitados, não dirigidos por uma consciência racional. O aprendizado do andar e do falar, que ocorre inconscientemente, vai se encaminhando ao primeiro momento de uma autopercepção, não muito consciente, quando a criança começa a se autodenominar como “eu”. (antes dessa consciência: “João quer comer”; passando a falar: “Eu quero comer”). É o momento em que a criança deve ter a oportunidade de desenvolver suas habilidades físicas e adquirir a consciência corporal. Ela irá aprender pela conquista natural de seus movimentos e a ação exemplar do adulto. Qualquer apelo por discursos será ineficiente e impróprio para o universo infantil nessa fase.

Dos 2 anos e meio até os 4 anos e oito meses ou 5 anos, depois de a criança ter chegado a se autodenominar como o “eu”, ela vai acordando para a percepção do outro, do você. Com essa nova conscientização do mundo, ela irá se inserir no âmbito social. Antes a criança adaptou-se à vida no mundo físico, agora ela adapta-se ao mundo social, onde vive intensamente sentimentos alternados entre simpatias e antipatias. Ela deixa-se guiar pelas emoções e não por uma compreensão racional. Explicações e admoestações não levam a nada nessa idade. O educador irá apelar para a imitação, mas agora também pode apelar à imaginação. A criança se relaciona com o mundo como se tudo nele sentisse e percebesse as coisas como ela ( a cadeira, por exemplo, pode chorar quando cai). A criança vive numa consciência onírica, imaginativa.

Nessa fase continua a necessidade da criança ter a oportunidade de conquistar naturalmente a consciência corporal. Isso não quer dizer estimular e condicionar, mas oferecer o ambiente adequado e situações para que ela própria tenha a alegria de conquistar e adquira segurança do que aprendeu de fato. Neste contexto a criança pode perfeitamente responder a estímulos dos adultos, como a possibilidade de alfabetização precoce, sem que ela esteja realmente preparada, e isto, irá tirar a oportunidade da criança desenvolver sua fantasia, despertar a alegria da conquista e aquisição da sua segurança diante do mundo. Pontos estes importantes para sua formação nesse tempo tão precioso da vida.

Dos 5 aos 7 anos podemos observar o surgimento de um novo comportamento. Até agora a criança aprendeu a lidar com o espaço e seus limites e então aprende a inserir-se no tempo. Ela consegue situar-se no ontem, hoje e amanhã, nos dias da semana, etc.; a criança também consegue captar a sequencia temporal dos acontecimentos. Suas brincadeiras seguem uma sequencia mais próxima da realidade, ela tem uma primeira noção de causa e efeito. A imaginação se cristaliza levemente em representações mentais das experiências vividas no mundo. Têm início os primeiros passos de um raciocínio, e só agora, em torno dos 6 anos completos, no sétimo ano de vida, é que podemos apelar a uma compreensão de ideias, de pensamentos sobre o mundo, que são colocados pelos adultos. Só agora é que a criança está pronta para ser alfabetizada sem prejudicar sua futura saúde.

Na Pedagogia Waldorf procura-se criar um ambiente adequado para a criança experimentar amplamente as possibilidades que seu processo de amadurecimento lhe proporciona. A criança deve usufruir com muita alegria a repetição de cada nova conquista no seu caminho de adaptação e conhecimento do mundo. E voltamos a frisar que a qualidade sempre tem mais valor que a quantidade.